segunda-feira, 9 de março de 2009

Por gentileza, me excomunguem!!!

Queria escrever algo sobre a excomunhão dos médicos que realizaram o aborto na menina de nove anos, no Recife, bem como a de sua mãe. Para a minha sorte, e a dos improváveis leitores deste blog, Rafael Limberger disse tudo na newsletter virtual de 06/03/2009 do periódico 'Capital Gaúcha' (http://www.capitalgaucha.com.br/):

A excomunhão
A excomunhão da mãe dos médicos envolvidos no aborto da menina de nove anos que havia sido engravidada pelo pai após ser estuprada pelo mesmo revela uma face constrangedora de uma instituição milenar como a Igreja Católica. E comprova, mais uma vez, que o poder religioso NUNCA deve estar junto com o controle temporal do Estado.
Não foi divulgado qual a crença religiosa da mãe da menina (se é que tem alguma) mas imagine qual o impacto dessa atitude do bispo de Recife e de Olinda, Dom José Cardoso Sobrinho, na vida dessas pessoas se elas foram religiosas, ao excomungá-las.
Segundo o religioso, o ato de tirar uma vida inocente é contra a Lei de Deus, portanto, está acima da lei dos homens. Mas as questões que ficam são:1- O risco de tanto a menina como o filho morrerem durante a gestação era enorme. O bispo de Olinda quer proteger a vida. Mas, caso a menina viesse a morrer em decorrência de uma ordem religiosa, o Dom José Cardoso Sobrinho seria excomungado também?
2- Como essa menina de nove anos iria explicar para o filho que o pai dele também é o avô? Ela teria condições psicológicas para isso?
3- Porque o pai estuprador não foi excomungado? Porque o religioso não condena a atitude do criminoso ao invés de focar sua atenção nas pessoas que estão agindo conforme a Lei?
São casos como esse que revelam a face mais conservadora, para não dizer retrógrada, da Igreja Católica. Será que essas atitudes irão renovar a fé dos fiéis?
Claro, as instituições religiosas têm o direito, e o dever, de defender aquilo que pregam. Só fica complicado a sociedade e os leigos entenderem porque o lado mais fraco, no caso a mulher, sempre parece ser prejudicada. Estupro é um crime hediondo, crinimalmente e moralmente falando, e os padres deveriam ser os primeiros a defender o prejudicado, nao excomungar quem está querendo proteger uma criança de nove anos.
Rafael Limberger
É isso aí.
Nada a acrescentar, só a pedir: senhores inquisidores, por favor, me excomunguem pois, cada vez mais, tenho vergonha de ter sido batizado.
Antecipo agradecimentos.