... menos a cobertura do caso Isabella. No momento em que escrevo, faz mais de uma semana que a imprensa divulga incessantemente qualquer coisa referente ao caso da menina que caiu, foi empurrada, atirada ou coisa assim do alto de um edifício em São Paulo. O fato em si é terrível, claro. Tenho um filho de cinco anos e um pavor enorme me atravessa o corpo inteiro ao imaginar algo semelhante acontecendo com ele. A relevância do episódio é indiscutível. O que não pode ser levado tão em conta é o mórbido carnaval que as redes de televisão têm feito em torno. Primeiro: logo não haverá mais o que extrair do caso. Tudo que se podia explorar já foi explorado. Até a opinião do poodle da vizinha dos pais da tia da madrasta da menina já foi ouvida. Enquanto a(s) culpa(s) não for(em) provada(s) há praticamente nada a ainda ser dito. Em outras palavras, pode-se contar as horas, os minutos, para que qualquer outro crime, escândalo ou festividade nacional ocupe o lugar do caso no interesse das emissoras e do público. Segundo: desconfio que não se pode confiar em nada que seja veiculado na imprensa brasileira. Se o menos lido dos jornais está comprometido com alguma instância de poder (econômico, principalmente) quem dirá a emissora que bate recordes de audiência. Este comprometimento torna a imparcialidade jornalística uma piada. De forma que a imprensa brasileira, para mim, é irrelevante quando se apresenta como veículo de qualquer tipo de verdade. E sendo assim, o caso Isabella, este que foi construído, montado hora a hora diante dos olhos ávidos do país inteiro é absolutamente desimportante. Quem duvida, por favor, pergunte daqui a dois meses o nome da avó materna de Isabella para aquele colega de trabalho que acompanhou todos os detalhes do caso pela tv. Se ele ainda souber, favor desconsiderar-me.
3 comentários:
Como jornalista que sou, não posso ler e me calar diante desta publicação... não faço aqui nenhum discurso partidário ou, tão pouco, levanto a bandeira em defesa da minha profissão - até porque esta anda meio comprometida pelo jogo de interesses que rege o mundo capitalista em que vivemos SIM, off course!! Porém, contudo, todavia é importante ampliar a percepção quando se fala da falta de relevância para a cobertura deste e de tantos outros casos de "excesso midiático" sobre um acontecimento. O que fomenta esse apelo por parte dos meios é justamente a repercussão que isso tem... Não é tão lógico ou equacional, mas é mais ou menos assim: se isso não fosse consumido, não seria produzido, pois, não teria retorno comercial. Não podemos na minha humilde opinião, revelar é o comportamento humano e a inversão de valores que faz com que fatos como o caso Isabela aconteça e o interesse pelo desfecho dessas tragédias seja maior que o monitoramento dos órgãos e serviços que não atendem nem as nossas necessidades básicas de cidadão!
Beijo para todos e aquele abraço....
Entendo os teus argumentos. Mas me parece muito fácil atribuir a responsabilidade ao público. Não é por ter muita gente que gosta de ver atropelamentos que os motoristas devem sair por aí mirando em pedestres, né?
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