Há momentos, bem poucos, em que o olhar converge e a leitura do mundo é bem mais que decifrá-lo.
Sentado numa poltrona, na escuridão da sala de cinema iluminada por uma cena de beleza trágica, vibra o celular no bolso.
Era meu irmão eletivo, Mario Neto.
Não pude atender mas registrei mentalmente a importância da chamada.
Eram 17:10. A cena, o choque do planeta azul (que outra cor poderia ter?) Melancholia com a Terra.
Saio do cinema e sinto o telefone vibrar de novo.
Na mensagem, Mario escreve: "15 para as 10 da noite. Estou em Paris atravessando a Pont Neuf. Nunca viria até aqui sem ver a ponte que sempre me faz lembrar de meu melhor amigo! Saudades meu irmão!"
É provável que jamais tenha recebido mensagem tão bonita, por sua singeleza e significado.
O encontro de Melancholia com a Terra, a lembrança de um amigo em um momento único.
E foi então que, entre a fantasia do fim e a grandeza incondicional da amizade, por um instante estive em todos os lugares do mundo.
E me senti em casa.
5 comentários:
Em tempo, a imagem que ilustra o post é de autoria de Mario Francisco de Assis Neto.
Talento nato, coração infinito.
é tão bom perceber no outro um sentimento...tão
tão semelhante com o teu
a ponte parece a distância entre a palavra dita e a não dita
e nesse vão se vão além.
ass. Ó
É muito bom perceber isso, mesmo.
Quanto ao anonimato... esse 'O' tem mesmo acento ou é uma pista falsa?
sem acento.
uma pista.
do livro: a história de O
um abraço...O
Sempre que sinto falta do meu irmao venho até aqui e releio...
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