Fernando Pessoa escrevia em pé, numa mesinha redonda, no maior desconforto possível. Escrevia pra não pensar, pra calar por instantes as vozes que o alucinavam. Talvez escrevesse de olhos fechados, psicografando realmente, sem fingir que o fazia. Vejo Fernando Pessoa em pé, os braços cada vez mais longos, os cantos da boca repuxados pra baixo, escandindo, medindo, destacando as sílabas, atento a isso e ao tamanho da letra, do papel, à cor da tinta e, finalmente, quase ao fim do último verso, à idéia que lhe era berrada aos ouvidos sabe-se lá por quem.
Um comentário:
Que forte esse pequeno texto. Parabéns, autor.
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