sábado, 26 de janeiro de 2019


estar sozinho e não estar. dupla ausência. não encontrar-se: dentro vazio. estar nada, aberto e fechado, epidérmico, todo superfície. sem alma, cheio de espaço: 

um grande sim, para ninguém

ser ninguém; estar sozinho, estar nada e estar sim, mas para fora. preencher o sim sozinho. e oco. boneco que murcha, cai, empilha-se sobre si mesmo. estar sozinho, vazio e oco: atravessado de ar, atravessado de luz, atravessado de tempo. algo fundamental se perdeu ou nunca esteve,  algo se quebrou ou nunca foi completo. 

(o gesto suspenso flutua do sim para o não e morre em talvez)

não tem sempre nem nunca, só agora, que não tem mais. morreu tinha e descansa quem sabe, para nunca mais decidir. 
pra agora, sim, e não, e mas, e passa. 

No hay sol 
Ni media o llena luna 
Ni callecita bajo la lluvia 
Ni la noche toda por delante 
Ni las luces 
Ni la plaza 
Ni nada girando alrededor 
No todo lo aprendido: 
todo lo que olvido me contiene. 

minto: nunca sozinho: fechado e aberto a tudo: minto: todo superfície, mas oculto. 

um enorme sim para quem veio e, acidente, ficou

ser ninguém: pleno acordo, justo, simples, sorriso e aceno ao talvez, ao provisório. 
o não: atravessado de ar de luz de lua de penumbra do dia. sombra ao sol, desaforo imóvel: 

cheiro distante de alegria. não virá, mas sopra, e basta. 

minto: atravessado de tempo, sempre sobra: nunca história. o agora: falsa e única verdade que nunca esteve, porém: minto. desconfiar do sim: parece ter luz, mas só talvez. 

Así que estoy sin mi 
Conmigo en otra parte. 

e passo como se nunca estive. 
o futuro.

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