segunda-feira, 12 de agosto de 2019




- Vamos ser felizes? Por que não?  Aqui e agora, porque não? Não cometemos nenhum crime hediondo, nem perdemos todo o tempo disponível. Por que não?

- E porque não podemos ser tristes?

- Por que sabemos de cor como é a tristeza, não sabemos? Não temos motivos suficientes pra aceitarmos que é só isso que temos pra saber. Vamos ser felizes.

- Não quero ser feliz, estou bem assim.

- Você não quer ser feliz porque é prático, porque é fácil, porque...

- A tristeza não dói.

- E ser feliz, você sabe se é suportável? Não estou falando de felicidade burguesa, mas de ser feliz porque sim, porque é alguma coisa que não sabemos.

- Para sempre?

- Sem ironia. Você sabe que isso não é uma opção. Para sempre é um clichê.

- Se perdemos desde que nascemos. O que não existe é ganhar tempo. Ganhar tempo é fingir que não sentimos a constância da derrota....

- Que derrota? Você já foi à guerra? Já lutou por algo a ponto de matar alguém? Não há derrota pra nós, porque não precisamos vencer. E se não precisamos ser felizes, também não precisamos da tristeza pra confirmar a morte. Aliás, a morte é, simplesmente é, com ou sem a gente.


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